O dia 24 de janeiro é uma data emblemática para Oeiras e para o estado do Piauí. Neste dia, há exatos 202 anos, o Piauí aderiu oficialmente à Independência do Brasil, um dos momentos mais marcantes da nossa história local. Trata-se de um feriado que deveria nos inspirar a refletir sobre os valores de liberdade, soberania e identidade que esse ato histórico representa. Contudo, ao olharmos para o passado e o presente, surgem perguntas inquietantes: somos realmente independentes? Valorizamos e preservamos esse marco tão significativo da nossa história?
A adesão do Piauí à Independência do Brasil não foi apenas um ato político, mas um movimento que envolveu coragem, sacrifício e o desejo de construir um futuro de autonomia. Essa conquista é um alicerce da identidade piauiense e merece ser reverenciada com ações concretas de preservação e valorização cultural. No entanto, o estado atual de um dos principais símbolos dessa data – o monumento erguido em Oeiras para celebrá-la – nos leva a questionar se estamos cumprindo nosso papel enquanto sociedade ao honrar esse legado.
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O monumento, que deveria ser um espaço de memória e orgulho para os oeirenses, encontra-se em um estado lamentável de abandono. Inaugurado duas vezes sem jamais ser concluído, ele está tomado pelo mato e pelo descaso. A estátua de Manoel de Sousa Martins, figura central na história da adesão do Piauí à Independência, está cercada por vegetação descuidada, que encobre não só a estrutura física, mas também o respeito que deveria ser dado a esse marco histórico. O entorno do monumento, incluindo o estacionamento e a área administrativa, é um retrato da deterioração: matagal, lixo e sinais de uso inadequado do espaço.
Mais preocupante ainda é a presença de indícios de degradação social no local. Nas escadas do museu e em áreas próximas, é possível encontrar garrafas de bebida, invólucros de drogas e preservativos, evidências de que o espaço tem sido utilizado como ponto de consumo de álcool, entorpecentes e prostituição. Essas marcas de abandono e negligência não apenas desrespeitam a memória do passado, mas também refletem a ausência de políticas públicas eficazes para a preservação do patrimônio e para o cuidado com os espaços culturais da cidade.
Esse cenário nos convida a uma reflexão mais ampla sobre como lidamos com a nossa história e os símbolos que a representam. A celebração do 24 de janeiro vai além de desfiles e discursos; ela deve ser um momento de reafirmação dos valores que nos unem enquanto povo e de compromisso com a preservação da nossa identidade cultural. Cada monumento, cada espaço de memória, é um testemunho vivo das lutas e conquistas que nos moldaram. Negligenciá-los é, em última análise, negligenciar a nós mesmos.
Resgatar o monumento em Oeiras e transformá-lo em um verdadeiro espaço de memória e reflexão não é apenas uma necessidade prática, mas um dever moral. Para isso, é fundamental que sociedade civil, gestores públicos e instituições culturais trabalhem em conjunto. Projetos de revitalização, programas educativos e ações de conscientização podem devolver ao local sua dignidade e relevância histórica.
Mais do que uma crítica, este texto é um convite à ação. Que o 24 de janeiro nos inspire não apenas a recordar, mas a agir. Que possamos buscar a independência do abandono, da negligência e da indiferença para com a nossa história e a nossa cultura. Afinal, somos todos responsáveis por garantir que o legado de liberdade e luta deixado por nossos antepassados continue a ser um pilar da nossa identidade e do nosso futuro.