Enquanto há laboratórios sucateados, equipamentos de informática obsoletos e um transporte público escolar insuficente afetam diretamente a qualidade do ensino, o Instituto Federal do Piauí (IFPI) — Campus Oeiras anuncia um investimento de R$ 1.033.593,86 na ampliação do seu restaurante institucional.
A obra, parte de um pacote de reformas em dez refeitórios de institutos federais, que vem gerando revolta entre estudantes e professores, que questionam a priorização de um projeto menos urgente em meio a carências estruturais graves.
O restaurante do campus, segundo a própria reitoria, já possui uma estrutura considerada "boa", especialmente quando comparada a outras áreas do instituto. Enquanto isso, alunos relatam dificuldades como:
Laboratórios precários: equipamentos defasados e falta de insumos para pesquisas;
Tecnologia obsoleta: computadores lentos e inadequados para atividades acadêmicas;
Transporte escolar insuficiente: rotas limitadas deixam estudantes de bairros como Rosário, Canela e Vila Santa Teresina, por exemplo, andar quilômetros no sol para pegar o transporte na BR-230.
Recentemente, o diretor do campus alegou "limitação de recursos" para justificar a impossibilidade de expandir o transporte escolar, mesmo com pedidos da comunidade por um acréscimo de apenas 0,8 km nas rotas. A contradição salta aos olhos: se não há verba para um serviço essencial, como justificar um milhão em uma reforma não prioritária?
Nesta quinta-feira (08), o reitor do IFPI, Paulo Borges da Cunha, estará em Oeiras para apresentar propostas de sua reeleição. A visita é vista como uma oportunidade para que alunos e servidores cobrem respostas sobre os investimentos desequilibrados.
"É inaceitável que, em um campus com tantas carências, a prioridade seja um refeitório que já funciona, enquanto nossas pesquisas e mobilidade são negligenciadas", afirma uma estudante que preferiu não se identificar.
A justificativa do MEC e da reitoria é de que a obra visa "melhorar a infraestrutura e ampliar refeições". No entanto, a comunidade acadêmica questiona:
Há demanda real para justificar a ampliação? Ou seria um gasto para cumprir metas desconectadas da realidade local?
Por que não houve consulta à comunidade? Alunos e professores não foram ouvidos sobre as prioridades de investimento.
Qual o custo-benefício? Um milhão de reais poderia modernizar laboratórios ou subsidiar o transporte, impactando diretamente no aprendizado.
Enquanto o IFPI-Oeiras insiste em projetos que não resolvem seus problemas crônicos, estudantes seguem prejudicados. A ampliação do refeitório pode até ser bem-vinda, mas não enquanto houver demandas mais urgentes sendo ignoradas. A visita do reitor deve servir como um alerta: é hora de cobrar transparência e investimentos que realmente elevem a qualidade do ensino público.