O desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), determinou nesta quinta-feira o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O magistrado nomeou o vice-presidente Fernando Sarney como interventor e ordenou a convocação de novas eleições "o mais rápido possível". A decisão baseia-se em suspeitas de falsificação da assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, ex-presidente da entidade, em um acordo que validou o processo eleitoral de março, quando Ednaldo foi reeleito por aclamação.
A base da decisão
Em sua sentença, Zéfiro declarou nulo o acordo homologado anteriormente pela Justiça, citando a "incapacidade mental" de Coronel Nunes e a possível falsificação de sua assinatura. Um laudo pericial indicou irregularidades na autenticidade da firma do ex-dirigente, que integrava o grupo de cinco signatários do documento. O acordo encerrava uma ação judicial que questionava a legalidade das eleições da CBF. Com a suspeita de fraude, a deputada Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) e Fernando Sarney argumentaram pela invalidação do processo, levando à revisão do caso.
Contexto jurídico e político
O caso retornou ao TJ-RJ após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que em 7 de dezembro negou o afastamento imediato de Ednaldo, mas exigiu apuração urgente das denúncias. Na segunda-feira (11), o desembargador Zéfiro tentou ouvir Coronel Nunes, mas o ex-presidente da CBF não compareceu devido a "razões de saúde". A ausência acelerou a decisão desta quinta, marcando a segunda vez que Ednaldo é destituído do cargo — a primeira ocorreu em dezembro de 2022, revertida um mês depois por intervenção do STF.
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Fernando Sarney, agora interventor, é vice-presidente da CBF até 2026, mas integra a oposição a Ednaldo. Ele não participou da chapa de reeleição do presidente em março e pressionou judicialmente pela investigação do acordo.
Estratégias de Ednaldo e reações
Na semana passada, em meio à pressão jurídica, Ednaldo anunciou a contratação do técnico italiano Carlo Ancelotti para comandar a Seleção Brasileira a partir de 2024. A manobra, antecipando-se ao Real Madrid (clube atual do treinador), foi interpretada como uma tentativa de angariar apoio popular. Até esta quinta, porém, o clube espanhol não confirmou a saída de Ancelotti.
Na terça-feira (12), Ednaldo reuniu-se com presidentes de federações estaduais na sede da CBF, no Rio, para apresentar sua defesa jurídica. Os aliados afirmaram confiar na manutenção do cargo, mas reconheceram que uma eventual derrota no TJ-RJ poderia levar a nova batalha no STF.
Próximos passos
Com a intervenção, Fernando Sarney assume o comando da entidade e terá de conduzir o processo eleitoral em prazo indeterminado. A expectativa é que Ednaldo recorra ao STF novamente, replicando a estratégia que o reinseriu na presidência em janeiro. O caso expõe a instabilidade institucional da CBF, que enfrenta sucessivas crises jurídicas e políticas desde 2022.
Enquanto isso, o anúncio de Ancelotti segue em suspense, com o futuro do comando técnico da Seleção agora atrelado ao desfecho da disputa pela presidência da entidade.