A Polícia Civil do Piauí está investigando os desdobramentos de uma confusão registrada na noite de quinta-feira, 12 de junho, em uma quadra esportiva no bairro Várzea, em Oeiras. O episódio envolve acusações de agressão contra crianças durante uma aula de capoeira e, posteriormente, relatos de agressão ao professor responsável pelo projeto. O caso tem mobilizado a comunidade e gerado repercussão nas redes sociais.
O Portal Oeiras em Foco teve acesso com exclusividade aos documentos oficiais do caso, incluindo os termos de declarações e o laudo de exame de corpo de delito, conforme registro da Polícia Civil. De acordo com o Boletim de Ocorrência nº 118804/2025, o professor Antônio Luís Barbosa da Costa relatou que ia ministrar normalmente sua aula quando um grupo de crianças passou a jogar bola dentro da quadra, atrapalhando o início da atividade.
Depoimentos dos envolvidos
Segundo seu depoimento, ele pediu por diversas vezes, de forma educada, que os meninos parassem, mas como não houve cooperação, acabou conduzindo dois deles até a saída da quadra. Ele afirma que não houve nenhum tipo de agressão nesse momento.
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Ainda conforme o relato oficial, minutos depois, dois homens — identificados como Maurício de Moura Fé e Pedro — chegaram ao local e, segundo o professor, passaram a ofendê-lo e agredi-lo fisicamente. Antônio Luís afirmou que Pedro estaria armado com uma faca, fato que gerou pânico entre as crianças.
O laudo, ao qual o Oeiras em Foco também teve acesso, foi emitido às 22h40 do mesmo dia e confirma que umas das crianças, apresentava lesões causadas por ação contundente, com elementos de convicção suficientes para caracterizar agressão física. Não foram identificadas fraturas, cortes ou lesões permanentes.
Maurício de Moura Fé, por sua vez, declarou que foi até a quadra após receber a informação de que seu sobrinho — uma das crianças supostamente agredidas — teria sido alvo de violência física pelo professor. Segundo seu depoimento, colhido pela Polícia Civil, ele apenas questionou o educador sobre o ocorrido e negou qualquer tipo de agressão ou ameaça, afirmando que a situação pode ter sido confundida. Ele também declarou que não viu seu irmão, o pai da criança, com arma branca.
Guerra de versões
A repercussão do caso se intensificou após uma mulher — mãe de uma das crianças envolvidas — relatar a uma página nas redes sociais, que o professor teria reagido “com extrema violência” quando as crianças se recusaram a deixar a quadra, afirmando que ele utilizou “golpes de capoeira” contra os meninos, o que teria causado a queda de uma das crianças, que bateu a cabeça e passou a apresentar sintomas como tontura e mal-estar.
O relato foi enviado a nossa redação pela tia da criança supostamente agredida. De início, a mãe não atendeu as nossas ligações e nem respondeu nossas mensagens. Mas logo em seguida confirmou a versão, e reafirmou que foi o professor que agrediu seu filho.
Versão de testemunhas no local
Entretanto, outras mães que estavam no local na hora do ocorrido apresentaram versões distintas, defendendo o comportamento do professor. Ambas preferiram não se identificar publicamente, mas conversaram com a reportagem do Oeiras em Foco.
“Sim, eu estava lá naquele momento, inclusive com meu filho de 5 anos, que faz capoeira com o Professor 'Bolacha' todas as terças e quintas-feiras. Ele pediu várias vezes, com educação, para que as crianças parassem com a bola. Como não pararam, ele apenas conduziu os meninos para fora, com toda a paciência. Não houve agressão nenhuma. Ele foi muito respeitoso. Se eu tivesse visto ele agredir alguma criança, eu teria defendido. Mas isso não aconteceu. Eu ando traumatizada, meu filho de 5 anos também”, disse uma das mães.
Outra mãe, também presente no momento da confusão, destacou a reputação do professor: “Minha filha treina com ele há mais de dois anos. Ele não altera a voz nem com as próprias filhas, que também treinam. Você acha mesmo que mais de 40 pais confiariam seus filhos a um homem de má índole? Eu estou revoltada. Isso é uma injustiça tremenda com um profissional exemplar”, desabafou.
A Polícia Civil, sob a condução do delegado Luciano Santana dos Santos, segue ouvindo testemunhas e coletando provas para esclarecer a dinâmica dos fatos e atribuir eventuais responsabilidades. O caso traz à tona discussões sobre o uso de espaços públicos, o direito à convivência entre diferentes grupos e os limites da autoridade no trato com menores em atividades sociais.